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7 de mar. de 2020

Bertalha Coração: mais uma PANC para você ter na sua casa

Hoje falaremos da bertalha-coração (Anredera cordifolia (Ten.) Steenis), uma "prima" menos conhecida daquela bertalha (Basella Alba L.) da qual tratamos em um post anterior. Os nomes popular e científico da planta já explicam um pouco sobre ela: sua folha tem o formato de coração. Mas essa planta também é chamada de parra da madeira ou trepadeira da madeira (madeira vine), inclusive em outros países.

Bertalha-coração (Anredera cordifolia) possui folhas com formato de coração.

A bertalha-coração é nativa da América do Sul e pode ser encontrada crescendo espontaneamente em diversas partes do Brasil. Apesar de ser considerada por muitos como "planta invasora", esta espécie apresenta interesses ornamental e nutricional.  

Devido algumas de suas características peculiares, há um tempo estávamos com o interesse de cultivá-la. É perene, possui tubérculos ("bulbilhos" / "batatinhas") aéreos e subterrâneos, e folhas saborosas que podem ser consumidas cruas ou refogadas, além da sua beleza que iremos explorar no decorrer do post.

Felizmente, encontramos os nossos primeiros propágulos em dois municípios do sul do Estado do Espírito Santo (Divino de São Lourenço e Alegre). A primeira muda originou-se de uma planta encontrada num terreno baldio em Divino de São Lourenço. Já as demais foram obtidas de um agricultor familiar no município de Alegre. Curiosamente, este agricultor nos deu uma informação sobre o uso alimentar desta planta, o que não esperávamos. Sabíamos que a planta nasce espontaneamente nessa região, mas jamais havíamos ouvido qualquer relato alimentar ou culinário da planta. Assim, quando o referido agricultor nos disse que já havia consumido e que sua mãe a chamava de taioba de cipó, foi como se as nossas informações tivessem se encontrado, ou seja, tratava-se de fato da bertalha-coração

Finalidade: planta alimentícia. Tanto as folhas quanto os bulbilhos são comestíveis. Suas folhas podem ser consumidas cruas, refogadas ou cozidas. E assim como a oro-pro-nóbis, a moringa, dentre outras plantas, as folhas podem ser desidratadas e transformadas em farinha para a fabricação de massas (pães, por exemplo). Da mesma forma, os bulbilhos podem ser transformados em farinha, ou consumidos assados, refogados ou cozidos. Além disso, é uma planta que atrai abelhas (melífera) e possui potencial para o uso medicinal e ornamental.

Aproveita pra conferir a nossa colheita de bulbilhos e inscreva-se no canal:


Propagação: a forma de reprodução mais comum é através dos bulbilhos. Entretanto, a planta pode ser propagada através de estacas, que são enraizadas facilmente. Pela a nossa experiência, conseguimos obter mudas usando os dois métodos. 

Bulbilhos de bertalha-coração brotando.
Bulbilhos: própagulos de bertalha-coração.

Como ainda morávamos em apartamento, o primeiro propágulo que obtivemos colocamos para enraizar em um vaso. Depois que mudamos para uma casa, a planta, que já estava bem desenvolvida, foi transplantada para o nosso quintal. Os demais propágulos foram plantados diretamente no solo. Das duas formas dão certo! Mas seja o plantio em vaso ou no chão, por ser uma trepadeira, é interessante ancorar a planta por meio de tutores, arames ou barbantes pregados na parede para os seus ramos se enrolarem no suporte e serem conduzidos.

A bertalha-coração se desenvolveu bem, cresceu bastante e deve estar com quase 5 metros de comprimento. Entretanto, as suas folhas não ficaram tão vistosas. Talvez tenhamos cometido um pequeno erro: cultivar a planta a pleno sol; ainda mais o sol que impera na cidade em que moramos! Lendo mais sobre a planta, vimos que ela prefere locais de meia sombra. Por isso, aos poucos vamos reconduzi-la para um local mais sombreado. De toda forma, a planta nos presenteou com folhas, bulbilhos e flores (para os nossos olhos e para as abelhas).
Folhagem da bertalha-coração.
Botões florais de bertalha-coração.
Pequenas flores delicadas de bertalha-coração.

Assista também 'Flores de bertalha-coração':



Após a floração, as folhas vão secando. Mas posteriormente novas brotações surgirão.

 

Referências: 
KELEN, M. E. B. et al. Plantas alimentícias não convencionais (PANCs): hortaliças espontâneas e nativas. Porto Alegre: UFRGS, 2015, 45p.
RANIERI, G. R. et al. Guia prático sobre PANCs: plantas alimentícias não convencionais. São Paulo: Instituto Kairós, 2017, 44p.
CASTRO, C. M. Cultivo e propriedades de plantas alimentícias não convencionais PANC. Pindamonhangaba: APTA - Polo Regional Vale do Paraíba, 2016, 15p.

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