Translate

26 de mar. de 2020

Trapoeraba-azul: praga para a maioria, mas que pode ser uma iguaria

Trapoeraba é o nome comum dado a várias espécies da família Commelinaceae.  E hoje vamos falar mais especificamente da trapoeraba-azul (Commelina spp.), que pode ser chamada popularmente de capoeraba-azul, marianinha, onda-do-mar, santa-luzia ou erva-de-santa-luzia, entre outros nomes. 



Dentre as espécies  mais comuns de trapoeraba destacam-se as Commelina benghalensis L., Commelina diffusa L. e Commelina erecta L.. Mas por apresentar bastante plasticidade morfológica, ou seja, tem a capacidade de alterar a sua morfologia dependendo do ambiente em que se encontram, as espécies do gênero Commelina podem causar confusões, levando a uma grande quantidade de espécies sinonímias.

Quanto a planta que está no nosso quintal, suas características (dá uma olhadinha nesse post aqui) nos levam a crer que se trata da espécie Commelina benghalensis L.. De qualquer forma, como já explicamos, não entre em pânico se ver citações de diferentes espécies dessa planta rsrs. Até porque, no caso da trapoeraba-azul, a identificação correta da espécie é mais importante para quem a vê como "planta daninha" por conta do manejo utilizado para "combatê-la". Para nós essa preocupação não  vem ao caso, uma vez que a vemos como uma planta alimentícia não-convencional (PANC) e não como uma planta a ser exterminada. O que queremos dizer é que essas três espécies citadas são comestíveis: trapoerabas de folhas verdes com flores azuis.



Commelina benghalensis L

Agora, vamos para a parte prática!

A trapoeraba-azul é uma planta herbácea de ciclo anual, frequentemente encontrada em meio a hortas e lavouras, em terrenos baldios e outros cantos... Tradicionalmente, em pequenas propriedades rurais, essa planta é servida como alimento para porcos e galinhas, que as devoram com prazer.

Finalidade: planta alimentícia, que pode ser consumida crua, refogada ou cozida. No entanto, há estudos que indicam a presença de fatores antinutricionais nas folhas, razão pela qual é preferível consumi-las refogadas ou cozidas. Normalmente, nós a preparamos só no alho e óleo, abafada com um pouquinho de água, e fica muito bom! No nosso canal já tem uma receitinha simples que vale a pena ser conferida:


A trapoeraba-azul também é utilizada pela medicina popular. Temos inclusive um interessante relato familiar  de uso medicinal dessa planta: minha mãe/sogra estava na varanda com o meu irmão/cunhado muito doente no colo, quando passou diante dela um senhor desconhecido, que ao perceber a situação recomendou que a criança tomasse banho e um pouco de chá (infusão) de trapoeraba. Ainda que em dúvida, minha mãe seguiu o seu conselho e, felizmente, meu irmão/cunhado melhorou. Esta experiência, juntamente com outros relatos populares dessa planta, têm respaldo científico.

De fato, alguns estudos realizados apontam que quase todas as partes da planta da trapoeraba-azul possuem diferentes compostos químicos com propriedades farmacológicas na medicina popular e tradicional. Atividades analgésicas, anti-inflamatórias, anti-cancerígenas, anti-oxidantes, anti-diarréicas, anti-helméticas, antimicrobianas, etc,são alguns exemplos das propriedades desses compostos. Caso tenha interesse você pode conferir alguns destes estudos:  Estudo 1  -  Estudo 2  -  Estudo 3  -  Estudo 4.   

Propagação: por sementes ou estacas. Sua multiplicação é muito fácil e pode ser plantada direto no chão. É uma planta pouco exigente, bastante vigorosa,  e comumente forma maciços no local onde é encontrada ou cultivada. No nosso quintal nasceu espontâneamente e ficamos muito felizes, por duas razões: porque é mais uma planta comestível; e porque ela pode indicar que  estamos no caminho certo.  Pois  a traboerapa prefere solos ricos em nutrientes, e ambientes mais sombreados e frescos. E, realmente, sua expansão em nosso quintal se deu à medida que fomos adotando práticas agroecológicas que produziram um clima mais agradável e um solo mais rico em matéria orgânica. Sigamos em frente!









Referências:
Aona, L.Y.S.; Amaral, M.C.E. Commelina in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB16909>. Acesso em: 17 Mar. 2020

Mais informações/fotos: Trapoeraba-azul - Commelina benghalensis L.

3 comentários:

  1. Muito bom o artigo. Adorei saber que ela tem suas prioridades beneficas! Nasceu no meu jardim e foi uma supresa! Obrigado.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pela informação ☺️

    ResponderExcluir
  3. Muito bom nasce sempre no corredor da casa onde moro acho bonita e tenho vontade de cultivar, mais temia ser uma planta venenosa. Gratidão pela informação e explicação. Muito Útil.

    ResponderExcluir

Postagens mais visitadas: